sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Nota sobre a morte de Kadafi II

Caros leitores,


Pelo visto, Muammar Kadafi foi assassinado, e não morto em troca de tiros, como foi alegado pelo Conselho Nacional de Transição líbio.
Agora sim faz mais sentido!
Agora sim podemos ver com outros olhos não só o caso da morte de Kadafi, mas também e principalmente o CNT!

O assassínio de Kadafi e o espetáculo que está sendo feito com seu corpo são ignomiosos.



Que a revolução líbia não seja em vão!


...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nota sobre a morte de Kadafi


20 de outubro de 2011

A notícia da morte de Muammar Kadafi é espalhada pelo mundo e muito comemorada. Slogans de "Morte de Kadafi trará democracia à Líbia", de "Kadafi, o ditador brutal", e muitos outros são lançados.

Morreu acoado, aos 69 anos, na periferia de sua cidade natal, Sirte.
Supostamente fugindo de ataque aéreo da OTAN, foi capturado por rebeldes e morto por fogo cruzado. Seus últimos momentos foram filmados.
Os jornais mais específicos afirmam que morreu a caminho do hospital, pouco antes de chegar na cidade vizinha, Misrata.

Na verdade, pouco se deve comemorar...Como afirmei neste blog na última postagem:

"O caso da Líbia, o qual também abordei neste blog, é delicado, e merece especial atenção. Inicialmente, a revolta popular foi positiva, pois poderia causar uma verdadeira renovação na sociedade líbia, e até mesmo uma possível guinada rumo ao socialismo. Todavia, as forças ocidentais mercenárias (OTAN, em especial) se infiltraram ao máximo para fazer da revolta líbia uma revolta liberal, favorável aos interesses econômicos e políticos dos EUA e da UE.
E tristemente, deve ser reconhecido que a morte de Kadafi não salvará a Líbia de suas mazelas."

Como disse, se enganam aqueles que acreditam que a morte de Kadafi trará a democracia para a Líbia.

Tomemos um exemplo de ignorância: o discurso de Obama sobre este acontecimento.

Ele disse que a "evolução líbia triunfou" e agora seu povo pode decidir seu destino.

Mas isto está errado!

A revolução não triunfou e só triunfará quando o povo estiver realmente com o poder nas mãos, o que não ocorre com o Conselho Nacional de Transição, o qual demonstra ser um esboço de um governo provisório fraco, e pouco radical.

Os líderes do CNT provavelmente não irão muito longe, assim como o governo provisório (militar) egípcio e tunísio não têm ido.

Sem dúvidas, a morte de Kadafi é um passo, contudo, o mais difícil será o futuro, será a Líbia não se vender aos interesses do ocidente, nem ceder aos nacionalistas....Será fazer seu povo verdadeiro dono de si, muito além de uma faixada burguesa chamada "democracia".

O que os povos oprimidos necessitam é uma verdadeira democracia, e esta, burguesia nenhuma pode fornecer.



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sistema decadente, humanidade decadente parte 2

Estimados leitores, como vão todos? Aproveitando muito o último semestre deste ano?

Pessoalmente, tenho me ausentado mais do que gostaria deste blog... E disso vocês já tem ciência.

Na postagem anterior lancei métodos de análises que costumam ser ocultados e rechaçados pela ideologia dominante. Abordei a questão da religião, do conformismo, do sentimento de indignação, concluindo que a necessidade de mudança é iminente e improrrogável.

Como considerou Lênin há muito tempo: "Perecer ou lançar-se para a frente a todo o vapor. É assim que a história coloca a questão."

A história colocava a questão e ainda a coloca desta maneira.

Fidel, por exemplo, asseverou corretamente no início deste ano, que a humanidade deve ser salva imediatamente. (ver: http://www.cubadebate.cu/noticias/2011/02/15/fidel-con-intelectuales-a-la-humanidad-hay-que-salvarla-ya/)

O mundo está repleto de sepultadores de sonhos! Pessoas que acreditam naquilo que existe, mas não naquilo que pode vir a existir, e acreditam naquilo que existe simplesmente porque foi algo imposto. Pessoas que desistiram de questionar, refletir, pensar mais...Pessoas que são verdadeiras máquinas ambulantes, repetindo mecanicamente algo já programado em seu sistema interno, incapazes de ir além do pré-estipulado.
Encontramos pessoas assim por todo lado, em todo lugar.

Não se pode cair na crítica ignóbil, de que o mundo de hoje é ruim, e tudo que há nele deve ser exterminado.
O capitalismo alcançou vitórias gigantescas, e elas devem ser mantidas e melhoradas.

A crise de 2008, que se estende inquebrantavelmente até os dias de hoje, comprovou pela milésima vez que o capitalismo, apesar de tudo, está fadado ao fracasso. As revoltas na Grécia, na Espanha, na Inglaterra ganharam proporções não esperadas; até mesmo Nova York teve uma manifestação nesta semana dos indignados com a situação político-econômica dos EUA.

A áfrica, até então legada ao esquecimento pela maior parte do mundo, foi sacudida por revoltas, iniciadas pelos tunísios, contaminando os egípcios (os quais derrubaram um governo déspota de mais de 30 anos), argelianos, líbios, sírios, iemenitas, etc.(sendo estes dois últimos no oriente médio).

O caso da Líbia, o qual também abordei neste blog, é delicado, e merece especial atenção. Inicialmente, a revolta popular foi positiva, pois poderia causar uma verdadeira renovação na sociedade líbia, e até mesmo uma possível guinada rumo ao socialismo. Todavia, as forças ocidentais mercenárias (OTAN, em especial) se infiltraram ao máximo para fazer da revolta líbia uma revolta liberal, favorável aos interesses econômicos e políticos dos EUA e da UE.
E tristemente, deve ser reconhecido que a morte de Kadafi não salvará a Líbia de suas mazelas.

Mais curioso ainda é o caso do Egito. O povo deste país fascinante derrubou Mubarak, o ditador, e então foi instaurado um governo provisório que prometia justiça social.
E...de acordo com o que a história tem nos mostrado, tal governo provisório apenas prometeu, e não cumpriu suas promessas, realizando apenas delicadas reformas.
Sendo assim, a população frequentemente tem se levantado (novamente) para manifestar sua insatisfação com o governo provisório (que difere pouco do governo de Mubarak).

Sem dúvidas 2011 foi um ano com grandes ensinamentos para o mundo...
E o primeiro ensinamento a ser absorvido (que não é nenhuma novidade):

É que... as reformas devem ser essenciais e não formais, devem ser radicais, no sentido de combater o problema central, e não maquiá-lo, devem ir até o fim...sem medo.

E isto não tem sido feito.

...


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sistema decadente, humanidade decadente



Antes de mais nada, meus leitores, gostaria de me desculpar...Sei que tenho sido muito indisciplinado e pouco dedicado convosco. Nós últimos meses diminui minha frequência de postagens em decorrência de estar buscando absorver mais, estudar mais diferentes matérias, para poder escrever algo muito melhor do que tenho feito até então.

Vamos então para nossa "vaca fria"...

O ponto central deste post é a sociedade em seu estágio mais atual, visando principalmente sua decadência generalizada a despeito das últimas conquistas tecnológicas e científicas.

Tomemos a religião primeiramente.

Para que uma religião serve? Alguns falam: para revelar-nos a verdade de Deus. Mas que verdade?

Freud, em um de seus escritos de 1927, disse:

"Os deuses conservam a sua tripla tarefa: afastar os pavores da natureza, reconciliar os homens com a crueldade do destino, em especial como ela se mostra na morte, e recompensá-los pelos sofrimentos e privações que a convivência na cultura lhes impõe."

E mais...

"A religião seria a neurose obsessiva universal da humanidade e, tal como a da criança, teria sua origem no complexo de Édipo, na relação com o pai. De acordo com essa concepção, seria possível prever que o abandono da religião terá de se consumar com a mesma inexorabilidade fatal de um processo de crescimento, e que nos encontramos nessa fase de desenvolvimento precisamente agora."

Tais afirmações de Freud estão corretas. A religião para ele sempre foi objeto de aprofundados estudos.

Contudo, que fique bem claro, a religião não é de todo mal, tem lá seus aspectos positivos, mesmo sendo estes poucos.
A religião é a tentativa do ser humano superar seus medos e imposições que a vida traz. Ela brota da "miséria humana", se fortalece com a miséria humana e busca (na maioria das vezes) extirpar a miséria humana.

Ela surge das condições materiais, surge das instabilidades, da insegurança...das crises.

Toda mudança brusca nas próprias condições materiais altera a religião, ou a destrói...Isso a história nos ensinou.

A sociedade atual está avassalada pelo sentimento de vazio, de falta de um verdadeiro sentido. Não que isso nunca tenha existido antes, mas hoje se potencializou.

(Até mesmo as religiões, após séculos e séculos de existência provaram não serem capazes de solucionar verdadeiramente os "problemas do homem")

E porque?

O século XXI é caracterizado pela destruição de sonhos e falta de perspectivas. A burguesia conseguiu consolidar a ideia de que todas as mazelas atuais são eternas, de que o ser humano é mau por natureza, de que o ser humano é cruel, de que um mundo igualitário é impossível, etc.

O conformismo é a verdadeira moda.

Lembremos das convulsões árabes que surgiram neste ano, dos protestos generalizados na Grécia, Espanha, Londres...Das sucessivas crises econômicas, que estão se tornando cada vez mais fatais.

Aqueles revolucionários sabiam/sabem que era/é preciso mudar, mas não sabem exatamente como(!), eles não tem um plano elaborado, uma doutrina filosófica, nada.
São germes de inconformismo.
Eles pensam: "É PRECISO MUDAR. MAS, COMO VAMOS CONSEGUIR SOLUCIONAR NOSSOS PROBLEMAS? COMO VAMOS CONSEGUIR MUDAR?"
Eis uma característica de nossa sociedade: a falta de diretrizes para a ação!

Buscar um culpado para isso? Não, esta pergunta não forneceria uma resposta verdadeiramente científica.

No futuro, quando a humanidade tiver já superado este estado de adormecimento, seremos lembrados como a geração dos resignados, daqueles que se preocupavam com o último ganhador do "Big Brother" enquanto o mundo estava a beira do abismo...

Mas, não meu caro leitor, este post não se resume a isto, não se resume em dizer que estamos na beira d'um abismo, isto não é novidade para muitos.

A questão é: "Não nos resignemos, indignemo-nos." Como proclamou um sábio que já não está entre nous.
Ou permanecemos ou mudamos. Ou calamos ou denunciamos. Ou fechamos os olhos para a falência do capitalismo ou lutamos contra o capital.

Como ensina com maestria o prof. Meszáros:

"O capital expropria para si o tesouro de todo o conhecimento humano e arbitrariamente, atribui legitimidade somente às suas partes passíveis de se explorar lucrativamente - ainda que da maneira mais destrutiva - por seu próprio modo fetichista de reprodução."

E também:

"A crise estrutural do capital é a reveladora manifestação do encontro do sistema com seus próprios limites intrínsecos."

O fim do capitalismo, provado cientificamente através de estudos de anos a fio, através da história, é difícil de ser aceito pelos donos do poder, difícil de ser reconhecido por aqueles hipócritas que não encaram a verdade que está presente por onde quer que passem.

Ou seja, ou o capital acaba, ou a espécie humana não terá muito tempo pela frente.

Deve a nós a escolha!


...

domingo, 24 de julho de 2011

Adieu, Amy, adieu...


Ontem, dia 23/07, Amy Winehouse morreu. Não seria exagero dizer que é uma enorme perda para o mundo musical...Lacuna difícil de reparar.

Agora o que passa por nossas cabeças:

Mas, porque, Amy? Porque tão cedo? Porque tanto desperdício? Porque tão trágico?
Porque logo agora, quando todos sonhavam com sua total "reabilitação"?!

Tudo bem, todos nós sabíamos que você era "no good", apenas "trouble", que você queria mesmo que fossemos "just friends".... Sabíamos também que você "died a hundred times", que você "got no reason to smile"... tudo bem!

Só que...

...E pensar que tudo poderia ser diferente, que você poderia nunca ter entrado na enrascada que destruiu sua vida. Hein, Amy?


Agora não está mais aqui... Pena que nos despedimos somente "with words".

Pena.

Goodbye, Amy...Adios, Amy...Adieu, Amy Winehouse.



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Metabolismo social e homofobia

A sociedade está em constante mudança, sempre em evolução ou retrocesso, havendo conquista de direitos, perda de direitos, descobertas científicas, catástrofes ambientais, mudança de ideias, revoluções, e assim vai, tudo sempre em movimento...É simplesmente a história.

Não só o Brasil, mas também o restante do mundo tem passado nos últimos tempos por significantes mudanças no que se refere aos direitos da parte homossexual da população.

Neste ano, o Supremo Tribunal Federal tomou duas iniciativas radicais e progressistas, uma delas foi a não-extradição de Cesare Battisti (italiano e militante comunista da década de 70), e outra foi o reconhecimento da união estável homoafetiva, a qual é o tema da presente postagem.

Há uma corrente de defesa dos direitos dos homossexuais crescente em todo o globo, a qual ganhou força principalmente com o início deste novo século, e obviamente o Brasil mais dia menos dia, mais ano menos ano, seria avassalado por esta "onda".

E porque isso? Porque só agora em 2011 os homossexuais tem adquirido direitos que antes não existiam?

É preciso lembrar que há muito tempo o homossexualismo já foi, de certo modo, costume de vida; me refiro ao período helênico, aos gregos e sua cultura.
Naquela época as melhores famílias tinham integrantes gays, nos destacamentos de homens armados, ou em outras palavras, nos exércitos, o homossexualismo era natural. Muitos jovens, integrantes da elite, tinham sua iniciação sexual/rito de passagem realizado com o mestre particular, também chamado de professor, fato chamado de pederastia. A própria literatura mencionava abertamente não só o homossexualismo, mas inclusive a prática homossexual (vide Sófocles).

Não obstante, o homossexualismo era difundido não como um direito, nem como "luxúria", mas como costume tantas vezes com caráter social e artístico.

Mas tudo muda, ou melhor, quase tudo... A história prosseguiu, e com isso os costumes mudaram. O helenismo ficou para trás, a idade média ficou para trás (mesmo algumas ideias medievais existindo até hoje), a idade moderna também ficou para trás...

Agora é 2011. Novos tempos. Novas ideias. Novos costumes. Não digo que o passado não nos determina, pelo contrário, somos muito mais o passado do que podemos imaginar (herdamos inúmeras características antigas, medievais, modernas, etc.), contudo, existem novos costumes.

É preciso lembrar das palavras de um velho sábio, que sempre se mostra com a razão:

"...the bourgeois economy did not mythologically identify itself altogether with the past, its critique of the previous economies, notably of feudalism, with which it was still engaged in direct struggle, resembled the critique which Christianity leveled against paganism, or also that of Protestantism against Catholicism."


Não estamos mais na idade média e mesmo assim a religião cristã-ocidental ainda influencia as regras do jogo, e muito!
A maioria das pessoas contra os direitos homossexuais são fanáticos religiosos que vivem sob a inspiração constante do Espírito Santo, e se reconhecem como a voz de Deus. Parece piada, mas infelizmente não é.

Afirmo que deve ser sim defendido o direito religioso, deve ser defendido o direito de que pessoas possam seguir a crença que achem correta, mas dentro de limites.

A bancada evangélica e da família no congresso nacional tem se esforçado muito para mutilar os direitos da mulher e dos homossexuais. Para estes políticos, homossexuais e aborto são coisas do diabo, capazes de corromper uma sociedade inteira.
Tais pessoas representam o pensamento da camada mais machista e atrasada da sociedade. Para eles homofobia é filosofia de vida.

Não digo que a liberação do aborto e do casamento gay irá salvar a humanidade de todas suas mazelas. De modo algum.

O fato dos gays conseguirem mais direitos, e das mulheres terem reconhecido o direito ao aborto, não altera a correlação de forças político-econômicas da sociedade capitalista em que se vive.

A liberdade religiosa, a liberdade sexual, o direito ao aborto, mesmo tendo aparentemente caráter revolucionário, não vão muito longe, pois não afetam o domínio da classe dominante.
A conquista de tais direitos, é uma tarefa democrática-burguesa, é tarefa possível de ser realizada na sociedade capitalista.
Para a burguesia, a união estável homoafetiva não é uma ameaça, e pelo contrário, é necessária a sua regulação (por ter principalmente base econômica).

Uma mudança concreta, ou melhor, uma mudança radical na sociedade só ocorre com uma revolução que altere sua estrutura e desenvolvimento, seu próprio metabolismo social.

É preciso encorajar a luta por esses direitos, mas não se pode se iludir com eles.

A burguesia só permite o que lhe é conveniente e não vai contra sua natureza social.



Continua em outra oportunidade.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

1 ano sem José Saramago, uma homenagem


"Quem sabe, somos todos os outros."


É com muito pesar que afirmo que Saramago há um ano não está mais entre nós, não nos pode mais iluminar com suas palavras tão sábias. Mas é com muita alegria que também afirmo que Saramago deixou sua marca...sua existência não foi em vão.

Como está no site da Fundação Saramago:

"O primeiro ano sem Saramago começou às 11:30 do dia 18 de Junho de 2010, quando os médicos Gracia Lanzas e Domingo Guzmán se olharem e ela, após um leve assentimento do companheiro, pronunciou as palavras que ninguém na casa queria ouvir: "Hora da morte 11:30". Aí começou a vida sem Saramago, embora Saramago continuasse a ser o centro de todos os passos, de todas as palavras e de todos os abraços, o centro do mundo para aqueles que já nada podiam fazer, nem acrescentar uma palavra, nem mostrar o sorriso que ficou adiado, nem sentir o apertar de mãos, gesto impossível, Saramago havia morrido, e essa palavra - morte - é definitiva."

E mais:

"Um ano já sem Saramago. Como é possível, perguntar-se-ão alguns, se continua a publicar livros, se está nas conversas dos analistas políticos, se os jovens saem às ruas com as suas frases escritas em cartazes ou em t-shirts, se há concertos de rock onde o aplaudem ou se organizam outros de música erudita em seu nome? Que estranha ausência é essa?Mas é estranha apenas para quem não compreendera o espírito transgressor de José Saramago, homem tímido e retraído que no entanto, era audaz nas suas abordagens vitais, literárias ou intelectuais, destemido até, que nunca abaixo a cabeça, que sempre seguiu o seu caminho sem se preocupar com costumes ou modas, sem medir as consequências dos seus atos desde que estes não afetassem terceiros porque o respeito pelo outro, tratando-se de Saramago, era um dado adquirido. Sim, era um transgressor de todas as normas e convenções, por isso seu funeral seria diferente, porque diferente foi sua vida." (Um ano sem Saramago; Texto de Pilar del Río)

Após estas magníficas palavras de Pilar fica difícil falar sobre Saramago...

Pessoalmente, ele me é um exemplo de vida. Um mestre que ilumina caminhos, que ajuda a questionar o sistema, os dogmas, as verdades absolutas.

Como costumava dizer: "Penso que não existe verdade definitiva, como algo que está ali e que é imutável."

Perseguido por muitos, criticado por muitos, principalmente pelos fanático-religiosos e liberais.

Uma das suas respostas para o Vaticano, p.e., foi: "Eles deviam se concentrar nas suas orações e deixar as pessoas em paz."

E também: "Os crentes eu respeito muitíssimo, mas pela instituição que os representa não tenho nenhum respeito. Respeito a crença, a fé, mas a administração da crença, da fé, eu não respeito."

"A história de uma religião é sempre uma história de sofrimento que se inflige, que se autoinflige ou que se inflige aos seguidores de outra e qualquer religião."

Já em relação a política, dizia com maestria:

"Não sou um escritor comunista, o que sou é um comunista escritor, o que é diferente."

"Não é uma utopia. O comunismo é uma possibilidade."

" O socialismo não faz os socialistas, são os socialistas que fazem o socialismo."

E a frase que se vê em cartazes na Europa: "Marx nunca teve tanta razão como hoje."

Comunista de carteirinha, desde adolescente, viu a pobreza de perto:

"Se eu pudesse repetir minha infância, a repetiria exatamente como foi, com a pobreza, com o frio, pouca comida, com as moscas e os porcos, tudo aquilo."

"O homem mais sábio que conheci em minha vida não sabia ler nem escrever" [dizia isso se referindo ao avô.]

Grande homem! Seguimos seu exemplo, seus ensinamentos...Lembrando de suas palavras, de suas histórias, de seus livros, de seus pensamentos...e assim continuamos na luta por um mundo renovado.

SARAMAGO VIVE!


"Sei que, quando minha hora chegar, entrarei no nada, me dissolverei em átomos. Pronto. E, um dia, tudo terminará: a Terra, a galáxia, o sistema solar...E não haverá nenhum deus que nos diga "Mas onde estão todos aqueles seres que eu havia criado com tanto amor?". Destinamos tempo de mais a conjecturar o que há além da vida, e tempo de menos a nos indagar sobre o que está acontecendo na vida mesma."


domingo, 8 de maio de 2011

Sobre a morte de Osama e suas possíveis consequências


No dia 2 de maio deste ano, o mundo amanheceu com a manchete dos jornais:

EUA ANUNCIAM MORTE DE OSAMA BIN LADEN.

E assim, toda a atenção do mundo se voltou para o terrorista supostamente falecido.
Uma onda gigante de informações contraditórias, fotos falsas, e perguntas surgiram.
Quantas pessoas morreram no total? Osama estava armando e usou sua esposa de escudo para se defender durante o ataque? Como foi assassinado? Teria ele se suicidado para não ser pego com vida?
Se esta última pergunta for verdadeira, provavelmente a reação pública não seria a mesma.

Muitas questões estão sem respostas verdadeiras, apenas com contradições, nada melhor para alimentar as teorias conspiracionistas.
E mesmo que Osama realmente tenha morrido, este não pode ser tratado como vilão nem como herói. Osama foi um terrorista treinado e pago pelos EUA durante os anos 80 para lutar contra a União Soviética no território afegão.
O feitiço virou contra o feiticeiro. Os Estado Unidos pagam hoje pelo que fomentaram outrora.

As pessoas não levam em conta que o próprio fundamentalismo é fruto da corrente liberal dominante, é como uma reação adversa ao uso de remédio incorreto para a cura de um mal.
O mal seria o sistema do capital junto do pensamento liberal, e a reação adversa do remédio incorreto é o fundamentalismo e suas consequências.
A batalha entre o fundamentalismo e liberalismo é sintoma da decadência do sistema em que vivemos.
No fundo, a batalha do mundo não é uma peleja religiosa/espiritual, não é um choque de "raças", mas sim uma luta de classes, tendo o modelo socioeconômico vigente como determinante de nossos pensamentos e atitudes.

Como nos ensina Marx:

"O modo de produção da vida material condiciona o processo geral da vida social, política e intelectual. Não é a consciência dos homens que determina sua existência, mas a existência social que determina a consciência."

E seguindo esse pensamento, pode-se lembrar as palavras de Jean-Paul Sartre, o qual dizia que a própria existência precede a essência.

Deste modo, voltando novamente nosso pensamento para a (possível) morte de Osama, pode-se entender que sua morte não redimiria o mundo do fundamentalismo.

Isto não é possível tanto pelo fato de que:

1 - Uma só pessoa não faz história sozinha.

2 - O fundamentalismo é um sintoma do liberalismo globalizante atual.

3 - A paz é impossível de ser realizada dentro do sistema capitalista.

etc.

Uma das possíveis consequências da morte de Osama é um fortalecimento do movimento terrorista fundamentalista ao redor do mundo, especialmente no sentido vingativo.
Outra seria o enfraquecimento da Al-Qaeda e de outros movimentos semelhantes em decorrência do avanço da vitória da revolução árabe iniciada este ano.
Contudo, a onda revolucionária árabe se encontra em um momento crítico, tendendo a cair fracassada - graças ao imperialismo, graças a própria correlação de forças dentro dos países árabes, etc.

Então, o que será do futuro e de todas as questões que surgem incessantemente?

A história nos dirá...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

1º de Maio, homenagem aos trabalhadores!


"The experience, of the labour movement of various countries helps us to understand on the basis of concrete practical questions the nature of Marxist tactics."
Lênin, in Differences in the European Labor Movement


Muitas pessoas se perguntam inquietas quando se aproxima o 1º de maio:

Afinal, qual o valor do 1º de maio? Qual a sua diferença perante as outras datas 'comemorativas'? Porque deve-se dar importância ao 1º de maio? É o dia do trabalho ou do trabalhador?

Bom, antes de tudo é preciso dizer que vivemos na luta, na luta diária.
A luta de classes não pára enquanto dormimos. A exploração capitalista está aí, basta viver para enxergá-la. Em todas as cidades, em todas as regiões, em todos os estados, em todos os países capitalistas, o massacre dos trabalhadores não cessa.

De nada vale nossa vida se não a usarmos para alterar esta realidade deprimente na qual o mundo se encontra.

Devemos usar todas nossas forças para combater o sistema do capital.

Devemos sonhar e lutar por um mundo novo sem medo de ser feliz, sem medo de remar contra a corrente, sem medo da revolta dos burgueses.

Pouco importa o ódio da burguesia e de seus lacaios, mais vale nosso combate pela sociedade comunista!

Então, onde reside a importância do 1° Maio?

O 1º de maio é uma homenagem à luta dos trabalhadores, é uma expressão das demandas a ser reivindicadas, como disse Rosa Luxemburgo em 1894. Ou seja, é sinônimo de luta.

Que este 1º de maio de 2011 represente a ascensão do movimento operário como vanguarda invencível das mudanças radicais no mundo.

Viva a classe trabalhadora!
Viva o 1º de maio!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fidel como exemplo


Nesta última semana Cuba teve um ritmo de acontecimentos importantes como há muito tempo não ocorria...


...Desfile popular e militar pelos 50 anos da vitória do socialismo na batalha de playa girón...VI Congresso do PCC...etc

A revolução cubana teve suas debilidades no passado e ainda as tem no presente, o desafio de construir o socialismo é difícil, mas é gratificante e glorioso!

No que se refere às mudanças que estão ocorrendo, Fidel Castro renunciou ao cargo de líder do partido comunista cubano, criado em 1965, após a revolução de 1959.



Mas como disse seu irmão Raúl Castro, e agora eleito como novo secretário geral do partido, Fidel é Fidel, não precisa de cargo algum para ser um ícone histórico revolucionário, e continuará lutando pelos propósitos mais nobres da humanidade.

Certamente!

Fidel é um guia, um visionário, aquele que vê mais longe do que a maioria, é uma soldado das ideias, como ele próprio diz. A história da humanidade tem poucos como ele.E ele, mesmo estando prestes a fazer 85 anos, está no auge de seu pensamento político.

Grande Fidel, que você viva mais e mais para continuar nos iluminando com suas ideias!

Como ele próprio disse em sua reflexión de ontem, dia 18:

"Es deber de la nueva generación de hombres y mujeres revolucionarios ser modelo de dirigentes modestos, estudiosos e incansables luchadores por el socialismo. Sin duda constituye un difícil desafío en la época bárbara de las sociedades de consumo, superar el sistema de producción capitalista, que fomenta y promueve los instintos egoístas del ser humano."



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sobre a questão do preconceito


Certa vez, em 1963, Mao Tsé-Tung disse sabiamente:

"De onde vem as ideias corretas? Caem do céu? Não. São inatas dos cérebros? Não. Só podem vir da prática social, dos três tipos de prática: a luta pela produção, a luta de classes e os experimentos científicos na sociedade. A existência é sócia do povo e determina seus pensamentos."

Nada mais claro.

A pauta deste post é o combate ao tipo de pensamento que afirma que o preconceito é invencível e imortal.

Ao longo dos meus dias tenho me deparado constantemente com pessoas deste tipo. Pessoas envenenadas pela visão derrotista de sociedade. Elas apenas enxergam o que existe agora, e acreditam que isso é definitivo, acreditam que os problemas do hoje são eternos, acreditam que nada realmente muda, que não importa o maior esforço e dedicação para uma mudança positiva no mundo, de nada valerá. Isto é o que chamo de cegueira-conformista.
Pessoas que perderam a esperança, e dedicam suas vidas para destruir e mutilar todos os esforços de pessoas que não aceitam em viver em um mundo tão deprimente. São destruidoras de sonhos e esperanças. Acabam por auxiliar diretamente na manutenção do sistema capitalista.

Devemos combater tais ideias. As pessoas que pensam dessa forma estão do outro lado do campo de batalha, estão defendendo outros interesses: os interesses dos reacionários e exploradores.

Pensando novamente nas palavras de Mao, de onde vem as ideias?

As ideias, meus estimados, vem da vida, da prática social, brotam das experiências do dia-a-dia. E vale lembrar que preconceito também é uma ideia, um pensamento, nasce do mesmo modo da prática social.
Os preconceituosos adquirem suas ideias de sua vivencia, de seu meio. Ninguém nasce preconceituoso!

Sendo assim, o preconceito não é imortal.

Analisemos dois exemplos. Na grécia antiga o homossexualismo era considerado natural, e as melhores famílias tinham algum familiar homossexual. Os grandes mestre e professores particulares iniciavam sexualmente seus alunos.

Já hoje as coisas não são as mesmas. Há vários séculos o homossexualismo é criminalizado e perseguido - apesar de estar havendo uma mudança considerável nos últimos vinte anos.

Outro exemplo é o fato de que na idade média os avanços científicos eram impulsionados dentro e pela igreja católica, já hoje não há mais isso, pesquisas científicas não são necessariamente dependentes da autorização de uma igreja ou outra.

O mundo muda, e só muda graças a atividade do homem. A história depende dos homens para ser construída. A história não tem vida própria. O destino e a predestinação não existem.

Somos todos construtores da história. Se bem que é válida a frase "Uma pessoa sozinha não faz história."

É preciso ressaltar que o sujeito coletivo tem uma importância gigantesca no caminhar dos dias.

Uma pessoa só não muda o mundo, mas um conjunto de pessoas é capaz de mudá-lo.
Não existe ideia hoje que não possa ser alterada ou destruída, e é evidente que a destruição de uma ideia não se faz em dias nem em meses, e sim em décadas, séculos.

Isto é, lutemos contra a corrente de pensamento conformista e derrotista, a humanidade merece um futuro muito melhor!

Até mais!




domingo, 3 de abril de 2011

Falece sobrinha de Lênin aos 89 anos


Apenas hoje, atrasadamente, tive conhecimento do falecimento de Olga Ulyanova (1922-2011), sobrinha de Lênin, filha de Dmitry Ulyanov, irmão mais novo do mestre do proletariado. Faleceu no dia 25/03. 

Não era muito conhecida internacionalmente e dedicou seus últimos anos ao combate das ideias falsas que versam sobre seu tio, tendo escrevido inúmeros livros e artigos sobre Lênin e a família Ulyanov.

Vale a pena transcrever parte da notícia original na qual ela fala sobre seu tio:

“It was a mistake to turn him into an icon,’’ she told the Italian Panorama newspaper in 2008. “But ideological distortions, falsification of his theories were even a bigger mistake.’


Olga foi grande simplesmente por ter sido sobrinha de Lênin e defensora de seus ideais. 
E isso por acaso é pouco?


Eis mais alguns trechos de uma entrevista sua concedida para um jornal italiano (Panorama) em 2008:


Ao perguntarem a ela se sentia algum peso por ser sobrinha de um homem como Lênin, ela respondeu convicta:

"E porque? Eu sou a mulher mais feliz do mundo por ter um tio como ele. " (E perché mai? ono la donna più felice del mondo ad avere uno zio come lui)


Quem realmente foi Lênin, um filósofo, um político ou um revolucionário de profissão?

"Ele estudou filosofia e história, mas foi principalmente um revolucionário convicto. " (Aveva studiato filosofia e storia, ma era soprattutto un rivoluzionario convinto.)

Os crimes do comunismo podem ser atribuídos a Lenin ou Stalin?

"Certamente que não ao meu tio.Após sua morte, sua mulher pediu-lhe para não transformar Lênin em um ícone. Não a ouviram. Mitificá-lo foi um grande erro. Mas, mais ainda, foi a distorção e falsificação ideológica de suas teorias. A largada foi dada por Stalin." (Certo non a mio zio. Dopo la sua morte, la moglie chiese di non trasformare Lenin in un’icona. Non le diedero retta. Mitizzarlo è stato un grave errore. Ma ancor più lo è stata la distorsione ideologica messa in atto contro di lui, la falsificazione delle sue teorie. L’avvio fu dato da Stalin.)










sábado, 2 de abril de 2011

José Alencar não foi um dos nossos


Acompanhado pelos títulos de "patriota", "exemplo de vida", "lutador", e entre outros, José Alencar morreu no último dia 29.
Nascido em 1931, foi um grande empresário brasileiro, mas de pouca fama até entrar na política de Lula.
Sem o ex-presidente Lula, José Alencar não teria sido tão reverenciado como foi em sua morte.

Seu jeito simples, de mineiro que aparentemente vem do povo, apoiado por Lula, conquistou a simpatia de milhões.

Para a moral burguesa, foi um empresário honesto e um político visionário.

Para nós, socialistas, Alencar foi um ultra-liberal, que especialmente através da exploração de seus funcionários da indústria teve condições de levar uma vida vaidosa e de regalias.
Foi mais um apenas. Mais um capitalista que passa pelo mundo. Mais um que não fez nada pelo fim da miséria gerada por este sistema.


Como o site do pstu disse:

"A esquerda tem por tradição reverenciar os seus mortos. Ou seja, reivindicar a trajetória daqueles que deram suas vidas por um mundo melhor, sem exploração. Alencar, porém, não era um deles. Estava na trincheira oposta da luta de classes. Do lado dos exploradores. Por isso, apesar da comoção nacional insuflada pela mídia, José Alencar não é um de nossos mortos. "


Nada contra a pessoa específica de Alencar, mas sim, tudo contra sua postura capitalista perante o Brasil e o mundo.

sábado, 19 de março de 2011

O imperialismo e a guerra na Líbia



Meus caros...

Para a infelicidade do blogueiro que vos fala, a OTAN lançou 110 mísseis sobre a Líbia.

Minha intuição e preocupação em relação à Líbia estavam corretas.

As imagens que correm a internet e os jornais já são de morte e extermínio dos civis. Adultos e crianças assassinados por potências mundiais que só almejam o petróleo líbio, que só almejam a satisfação de seus próprios interesses políticos e econômicos.

O Nobel da paz de 2009 disse o "sim" final e decisivo para a intervenção ser liberada.

Contraditório, não?!

Obama mostra que não é muito diferente de Bush... Que representa também os mesmos interesses do imperialismo.
O capitalismo não quer perder esta batalha.

E pensar que Fidel desde o início viu - como um verdadeiro profeta - que a intervenção da OTAN era iminente, improrrogável.


"Una persona honesta estará siempre contra cualquier injusticia que se cometa con cualquier pueblo del mundo, y la peor de ellas, en este instante, sería guardar silencio ante el crimen que la OTAN se prepara a cometer contra el pueblo libio.
A la jefatura de esa organización belicista le urge hacerlo. ¡Hay que denunciarlo!"
Palavras pronunciadas em 21 de Fevereiro. Um mês atrás.
Pois é. Sábios são sábios, são aqueles que veem antes e  mais longe que os demais.
...

Ouçam os tambores da guerra.

Ouçam os gemidos agonizantes dos mortalmente feridos.

Ouçam as gargalhadas dos banqueiros e chefes de Estado.

Vejam o sufocar de uma onda revolucionária.

Até quando suportar o massacre que o capitalismo nos impõe dia-a-dia?

Até quando?




P.S.: Total solidariedade aos 13 presos políticos brasileiros por se manifestarem na frente da embaixada americana contra a vinda do Obama ao Brasil!

A verdadeira democracia se faz nas ruas...


sexta-feira, 18 de março de 2011

O Imperialismo, a Líbia e a onda revolucionária


Eis que surgem as notícias:

EL PAIS - 18/03/2011: "Estados Unidos, Francia, Gran Bretaña y países árabes han dado un ultimátum a Gadafi antes de lanzar el ataque."

G1 - 18/03/2011: "A França, o Reino Unido, os EUA e os países árabes deram nesta sexta um ultimato a Kadhafi, um dia após a ONU ter dado sinal verde a uma ação militar contra o governo do país do norte da África."... "Em documento, os países pedem que Kadhafi paralise imediatamente sua campanha militar na cidade de Benghazi. Caso contrário, os países iriam intervir militarmente, como autorizado pelo Conselho de Segurança da ONU."

2011 certamente não será lembrado como um ano qualquer que passou apenas por passar.
Ainda é Março, mas já se tem um imenso material para análises complexas e profundas da realidade global. Análises históricas, geopolíticas, econômicas, sociológicas, e até mesmo psicológicas.

Desde janeiro, grande parte do globo é atingida por uma poderosa onda revolucionária (conseqüência direta da realidade débil mundial), iniciada na Tunísia, e que se alastrou rapidamente pelo norte da África e pelo Oriente médio, despertando diferentes impressões em vários países.

De um lado os países em ebulição: Tunísia, Egito, Argélia, Marrocos, Líbia, Síria, Iraque, Iêmem, Bahrein, etc

E de outro, os poderosos: EUA, OTAN, UE...


Com a onda revolucionária, despotas como Ben Ali (Tunísia) e Mubarak(Egito), antes defendidos e apreciados pelos EUA, caíram.

Muitos civis morreram por suas convicções revolucionárias, e sem dúvida não morreram em vão. Os nomes deles estão "cravados" para sempre nesta terra tão conturbada.

E...com o passar dos dias, o imperialismo americano mudou suas táticas para permanecer no domínio da região...Ao ver a impotência dos ditadores - que antes os apoiavam - perante o povo, mudaram de lado tendo em vista não o bem estar da população, mas o bem estar econômico...capitalista!

E então, a revolução atingiu a Líbia, país peculiar que durante muitos anos contrariou os EUA claramente, considerando-se "um país não alinhado" durante a guerra fria.
Gadafi, o líder supremo do país desde o golpe que liderou em 1969, implementou o chamado "socialismo árabe", melhorando consideravelmente a situação social do país.
Obs.: Vale lembrar que o socialismo árabe é socialista apenas em palavras.

Porém, com a aurora do século XXI, Líbia e EUA restabeleceram laços de amizade, e houve paz...Houve harmonia entre o ocidente e a Líbia.

Só que a história não termina aí.

Estamos em 2011...Gadafi, o ditador líbio, permanece no poder, com suas inúmeras falhas absurdas e despotismo. Os EUA permanecem genocidas e escravizadores de uma série de países.

O imperialismo, a fase superior do capitalismo, fez do mundo um terreno para anexações, para a violência, para a reação elevada à máxima potência.

O mundo caminha para um beco sem saída, como Fidel afirmou há poucos dias.

Crise ambiental, crise alimentar, crise econômica, crise política, e assim vai...

Crises e mais crises....mais potentes e destruidoras com o passar dos anos.

Terá a humanidade um fim trágico?

Haverá uma guerra nuclear?

Os EUA junto com a OTAN invadirão a Líbia?

O que será da humanidade, afinal?

E a justiça? E a paz? E o socialismo?


Perguntas e mais perguntas que apenas a história responderá.

Os olhos do mundo estão voltados para a catástrofe do Japão e para a revolução na Líbia.

Para o imperialismo, Gadafi tem que cair agora mesmo, para assim a Líbia se tornar uma neocolônia americana.

Mas já para o socialismo, Gadafi deve cair agora mesmo, mas a intervenção também não pode ocorrer. E entre uma intervenção militar na Líbia e a defesa da Líbia contra a intervenção, devemos primeiramente ficar contra o imperialismo, contra a intervenção, para depois sim lutar pela revolução, contra o despotismo de Gadafi.

Certamente o que ocorrerá nos próximos dias dará algumas respostas para as indagações desta postagem...



Abaixo o imperialismo!

Abaixo Gadafi!

Avante a revolução!


quinta-feira, 3 de março de 2011

Para as mulheres!


Falar sobre mulheres sem dúvida não é brincadeira...No dia 8 de março então o dever de ser bom no que for falar aumenta, a responsabilidade aumenta, ainda mais nossa, a dos homens.

Porém, nesse dia 8 de março deveríamos comemorar menos, e refletir mais.
Pensar nas verdades, nas mentiras espalhadas por aí, e nas soluções possíveis.
Todos nós, homens e mulheres, temos vivido sob o domínio da cultura capitalista, que é por si só machista, discriminatória, de segregação, de perseguição.

Não entrarei no mérito de que alguns países capitalistas tem uma cultura mais igualitária, pois eles são a "exceção" e não a regra. Que fique claro isto.

Nossa cultura tem sofrido algumas modificações importantes com o passar do tempo, mas não são mudanças substanciais, são mudanças superficiais.
A exploração continua, e o subjugo da mulher também.

Um das características mais importantes da opressão que sofrem as mulheres é que elas sofrem mais do que os homens por sofrerem uma dupla opressão, não só a econômica, mas também por serem mulheres (de gênero).

A sociedade "culpa" as mulheres por serem mulheres, e as condena à uma infindável lista de punições: prisão doméstica, salário reduzido, cargos selecionados, liberdades sexuais pulverizadas, autoridade menosprezada...

Os avanços em relação à liberdade feminina nos últimos 60 anos são incontestáveis, mas são tímidos e pouco revolucionários.

Necessitamos romper bruscamente com o capitalismo e dar para a mulher a liberdade total (não liberdade promíscua, mas o direito a escolher e não ser punida por sua escolha), e apenas o socialismo pode concretizar os direitos das mulheres.

Como nos ensina Lênin: "Onde há latifundiários, capitalistas e comerciantes, não pode haver igualdade entre o homem e a mulher nem mesmo na lei."

Mesmo com o passar de tantos anos dessa afirmação, sua veracidade só se confirmou.

A igualdade de direitos na lei é uma farsa.

Só as mulheres sabem o tanto que sofrem por serem mulheres...Só elas conhecem o banho de preconceitos que sofrem dia-a-dia. E as religiões (grande parte delas) tem feito muito para a limitação da liberdade feminina.
Ex.: Sexo só depois do casamento, namoro só com pessoas da mesma religião, não contestar a autoridade machista dos ensinamentos da igreja, não contestar o machismo da sociedade.

As próprias mulheres tem sido envenenadas pelo machismo.

Isso deve ser combatido.

Grande parte dos cristãos ao olharem as mulheres do mundo islâmico se horroriza por ver que todas elas são obrigadas a se esconderem sob tantos véus, burcas, etc.

Eis uma grande hipocrisia. Devemos saber que as mulheres árabes, apesar de serem oprimidas e mutiladas pela cultura machista islâmica, são líderes de revoltas. Quando a população daqueles países se revolta, a maioria dos revolucionários são compostos por mulheres, que não tem medo de jogar pedras, incendiar prédios do governo, ir à ruas quantas vezes for necessário.

Só que é preciso saber...Tanto a brasileira, quanto a sueca, a iraquiana, a japonesa são todas exploradas, sofrendo grande desvantagem perante seus maridos e filhos homens....

Como digo no meu ensaio, escrito nos últimos meses, no qual abordo a questão da mulher :

Apesar de tudo "a mulher permanece escrava do lar."..."Ainda falta muito a ser feito."

E ainda no ensaio eu cito Saramago, que certa vez disse: "Ao lado das minhas personagens femininas, as masculinas são insignificantes."

E tenho certeza, que todos os homens ao se aproximarem de mulheres, ficam ofuscados pela grandiosidade delas.

Mulheres são águias...As que enxergam além...que sentem além...

Não digo que só existam mulheres exemplares...Pelo contrário, existem tantas mulheres decepcionantes...Mas fiquemos com as revolucionárias.

Rosa Luxemburgo (1871-1919) foi uma delas, tendo falado em 1912 em uma panfleto :

" A hundred years ago, the Frenchman Charles Fourier, one of the first great prophets of socialist ideals, wrote these memorabel words: In any society, the degree of female emancipation is the natural measure of general emancipation. This is completely tru for our present society."

Eis uma verdade tremenda. Como ela citou Fourier no trecho acima, a verdadeira emancipação da mulher é hoje a emancipação da sociedade em geral.

Sem dúvida.

Como também disse Lênin há exatamene 90 anos : "É impossível incorporar as massas à política sem incorporar as mulheres. No capitalismo, a metade feminina do gênero humano está duplamente oprimida." E explica adiante que o primeiro motivo é por serem oprimidas pelo capital, por não terem plenos direitos e em segundo, por serem "escravas do lar", por estarem presas aos trabalhos mais mesquinhos e esgotantes.

Enfim, após ter falado tudo isso, quero parabenizar todas as mulheres por serem mulheres...Vocês são todas heroínas, merecem toda a felicidade possível, e nunca desistam de lutar por um mundo melhor, por um mundo justo.

E aproveito este post para agradecer e parabenizar a Naara, uma mulher que tem enchido meus dias com mais alegria e amor.



Viva a mulher!


Lucas Almeida


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mubarak caiu, e o que acontece agora?

Meus caros, desculpem minha rápida ausência. Me sinto culpado por não ser mais presente neste blog como gostaria.

Nas últimas postagens estive analisando a situação revolucionária que surgiu na Tunísia e se espalhou por diversos países da África e Oriente Médio, e hoje estarei continuando esta análise.
Bom...Mubarack caiu, e isto foi na última sexta feira(dia 11).
Após 18 dias de protestos e greves gerais o ditador renunciou, após oferecer todos os tipos de chantagem possíveis.

Isso revela que o povo quando está unido e bem organizado é capaz de derrubar qualquer tipo de governo por mais que este último seja imensamente poderoso, e vale lembrar que este que caiu estava há "apenas" 30 anos oprimindo o povo egípcio.

30 anos são nada perante a história da humanidade, mas 30 anos de opressão elevada adquirem um valor histórico grande.

Não quero aqui dizer que os governantes egípcios anteriores não oprimiram. Não tenho dúvida alguma que figuras como Anwar Al Sadat tenham oprimido muito seu povo.

A história do Egito é épica, seu povo é forte e lutador.

O que ocorre agora neste país não é o paraíso, não é a salvação, muito pelo contrário.

A saída de Mubarak não indica que a pátria está livre e salva, não indica que a opressão e exploração terminou.

Uma junta militar agora detém o poder provisório com o intuito de realizar uma "transição pacífica".

"Transição pacífica" não é um termo qualquer.

Devemos pensar antes de tudo que...

- Primeiro : Qual o conceito de uma transição pacífica? O que isso significa?
- Segundo: Transição pacífica para quem? Para que classe?
- Terceiro: Transição pacífica em quanto tempo? Qual sua duração?
- E por fim: Porque o povo não poder realizar a transição pacífica ele mesmo através de representantes populares escolhidos tão somente para o benefício da massa? Porque não?

Meus caros, vos digo que esses questionamentos assustam quem detém o poder, e que esta "Transição Pacífica" não passa de uma estratégica da classe dominante - mesmo tendo perdido Mubarak - para não perder seu poder e seus privilégios.

Mas, me digam, em que revolução não houve contra-revolução?

Nenhuma!

O que acontece agora no Egito é o início verdadeiro de uma luta encarniçada entre dois atores: o povo e os poderosos.
Uma das fases mais importante é esta.

As exigências populares por melhores sálarios, por uma nova constituição, etc, são legítimas e merecem ser apoiadas.

Por fim, como disse Fidel em sua reflexion publicada hoje:

"Apoyamos al pueblo egipcio e su valiente lucha por sus derechos políticos y la justicia social."



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A onda revolucionária e suas perspectivas

"El presidente (Mubarak) anuncia que no se presentará en las elecciones de septiembre, pero dirigirá la transición para garantizar la seguridad."

Eis a lide da manchete que estampa o jornal virtual espanhol el país.

Após uma terça feira tensa com quase um milhão de pessoas protestando nas ruas, Mubarak se mantém firme após sua tentativa frustrada de seduzir os manifestantes com reformas.
Porém, nem tudo está perdido para o Egito...o ditador resolveu não se candidatar para as eleições de setembro. Quem sabe ele tenha finalmente se contentado com os 30 anos no poder, não?!

Os Estados Unidos, que até poucos dias atrás fornecia armamentos, apoio político e econômico não só para o Egito, mas também para os outros países em crise do mundo árabe, hoje titubeia e repensa sua tática.Vê que não pode com uma revolta generalizada e que ganha proporções nunca vistas.

O maior parceiro da Tunísia eram os EUA, e isto também vale para o Egito.
A onda revolucionária que toma hoje a África e começa a se alastrar pelo Oriente Médio se mostra poderosa e sem medo de si, tão destemida que até mesmo a maior potência do mundo - EUA - não pôde confrontá-la e apoiar diretamente as ditaduras ameaçadas.

Mas não é tudo. Em resposta ao povo, a contra-revolução se inicia...

Na Jordânia por exemplo, país caracterizado por sua estabilidade política, os protestos e mobilizações desestabilizam o governo do rei Abdalá II - há 12 anos no poder - que diante disso desmantelou o governo, colocou-o em alerta nomeando um primeiro ministro militar, sim, militar! Vê-se a estratégia repressiva.

E também no Egito a situação não é tão otimista quanto parece, mesmo diante de mobilizações gigantescas, Mubarak resiste até setembro, e ele mesmo quer coordenar a mudança política no país. E porque ele quer fazer as manobras ele mesmo? Porque?

Sim, meus caros, nem Mubarak, nem as classes dominantes podem permitir que a população tome o poder desta maneira, pois seria muito perigoso para os interesses capitalistas.

Contudo, como os egípcios disseram hoje: "Se ele (Mubarak) não se vai, nós tão pouco."

Que o povo destrua toda a opressão e construa um novo mundo!

A onda revolucionária que percorre o oriente nos dá grandes lições para alcançarmos o socialismo!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Convulsões na África


Primeiro na Tunísia.
Agora em tantos outros países da África, em especial no Egito os protestos ganham força. A população começou a ter a consciência de sua situação de subjugação e exploração.

A população luta contra a corrupção que assola cada país e a alta dos preços dos produtos mais básicos.

Na Tunísia o presidente Ben Ali, após 23 anos no poder fugiu para a Arábia Saudita após se sentir impotente perante a força das massas.

Já no Egito, o presidente Mubarak, que está no poder há exatamente 30 anos, tem se demonstrado mais duro e mais reacionário do que Ben Ali, não se intimidando com protestos por todo o país de milhares de pessoas.

Contudo, li agora mesmo uma notícia que me surpreendeu!

Mais de meio milhão de egípcios tomaram a sede da cidade de Alexandria...o poder da cidade está agora nas mãos do povo!

Lê-se no site cubadebate.cu: "La ciudad está en manos de los manifestantes"..."No hay presencia policial en la sede de Gobierno. Todos se han marchado."

Grande exemplo os povos da África tem nos dado! Precisamos nos levantar como eles estão se levantando pelo fim da miséria social e crise econômica!

Povos de todo mundo, levantem-se!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Conformismo versus Mudança


A burguesia, que antes era revolucionária, hoje é cética e niilista.
Estamos na era da desilusão, do fim dos sonhos, do fim das fantasias, do fim da mudança.
Nossa era é de permanência e de estagnação.
O progresso já é uma farsa.
A frequência das invenções caiu pela metade.
Vivemos em uma sociedade que persegue revolucionários e exalta conservadores.

Quem não segue a moda fica à margem excluído.
Quem não pensa igual sofre as consequências.

A inclusão de homossexuais, negros, mulheres, permanece ainda muito fraca e ilusória.


- Temos uma presidente mulher! - alguém diz.

Sim, realmente temos uma presidente mulher, e isso tem um peso muito grande, mas pouco radical.

Permanecemos na desigualdade social. Permanecemos no capitalismo, e dentro do capitalismo igualdade não passa de uma palavra morta.

Conformismo ou mudança? Eis a questão!

Todos os homens na história que preferiram a mudança foram perseguidos de alguma forma, mas contribuíram para o futuro da humanidade... contribuíram para a construção de um mundo novo.
Só não cito nomes, pois a lista seria imensa.

Já todos os homens da história que preferiam o conformismo não passaram de reprodutores do sistema vigente, não passaram de mentes mortas e obstusas. Esses não serão lembrados com a glória dos heróis, dos revolucionários.

Sinceramente, mais vale lutar por um mundo novo e livre do que viver numa doce mentira democrática!


Então...Escolha pois a mudança!

sábado, 1 de janeiro de 2011

O que dizer agora?


Feliz 2011, estimados!

E como foi a virada? Sem transtornos?

Minha virada não teve nada de mais - felizmente ou infelizmente - como sempre, e venho aqui para deixar uma mensagem de ano novo em vez de falar de algumas futilidades da minha vida.
Se houvesse uma palavra para destacar 2010? Qual seria? Alguma ideia?
Difícil, pois tantas palavras são pertinentes e se encaixariam em tudo o que passamos.
Porém, sem dúvida uma delas foi: confirmação.
Confirmação de que e para que?
2010 teve desgraças como todo ano. Como todo ano.
E mesmo sabendo que todo ano nos confirma a ignorância humana perante si mesmo, devemos perceber que 2010 deixou inúmeros ensinamentos e confirmações, como por exemplo:
- A confirmação de que a crise econômica não terminou em 2009, e sim, continua...forte;
- A confirmação de que o nazifascimo não morreu, infelizmente;
- A confirmação - pela milésima vez - de que o capitalismo é autodestrutivo e não mais capaz de manter o mundo saudável sem seu fim;
- A confirmação de que precisamos nos conscientizar o mais rápido possível;
- A confirmação de que precisamos também deixar de lados as futilidades espirituais e religiosas e focar para uma mudança efetiva da sociedade;
- A confirmação de que nenhum esforço é em vão;
- A confirmação de que nada é eterno;
- A confirmação de que uma mentira repetida várias vezes se torna uma verdade;
- A confirmação de que podemos ser muito melhores do que julgamos;
- A confirmação de que vivemos a época da desilusão e do pensamento neoliberal;
- A confirmação - pela milésima vez - de que apenas o marxismo, sendo uma ciência, é capaz de emancipar os trabalhadores e livrar a humanidade de um fim amargo e de todo sofrimento;

Enfim, 2010 nos confirmou tantas coisas.
Confirmou nossas limitações, nossos erros, nossos acertos, etc.

Que 2011 humilhe 2010, e seja um ano de virada mesmo.
Um ano no qual a classe operária se levante contra seus parasitas e mostre ao mundo que apenas ela, iluminada pelos ensinamentos de Marx e Engels, é capaz de reconstruir o mundo.

Viva 2011!


Forte abraço,

Lucas A.