segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mubarak caiu, e o que acontece agora?

Meus caros, desculpem minha rápida ausência. Me sinto culpado por não ser mais presente neste blog como gostaria.

Nas últimas postagens estive analisando a situação revolucionária que surgiu na Tunísia e se espalhou por diversos países da África e Oriente Médio, e hoje estarei continuando esta análise.
Bom...Mubarack caiu, e isto foi na última sexta feira(dia 11).
Após 18 dias de protestos e greves gerais o ditador renunciou, após oferecer todos os tipos de chantagem possíveis.

Isso revela que o povo quando está unido e bem organizado é capaz de derrubar qualquer tipo de governo por mais que este último seja imensamente poderoso, e vale lembrar que este que caiu estava há "apenas" 30 anos oprimindo o povo egípcio.

30 anos são nada perante a história da humanidade, mas 30 anos de opressão elevada adquirem um valor histórico grande.

Não quero aqui dizer que os governantes egípcios anteriores não oprimiram. Não tenho dúvida alguma que figuras como Anwar Al Sadat tenham oprimido muito seu povo.

A história do Egito é épica, seu povo é forte e lutador.

O que ocorre agora neste país não é o paraíso, não é a salvação, muito pelo contrário.

A saída de Mubarak não indica que a pátria está livre e salva, não indica que a opressão e exploração terminou.

Uma junta militar agora detém o poder provisório com o intuito de realizar uma "transição pacífica".

"Transição pacífica" não é um termo qualquer.

Devemos pensar antes de tudo que...

- Primeiro : Qual o conceito de uma transição pacífica? O que isso significa?
- Segundo: Transição pacífica para quem? Para que classe?
- Terceiro: Transição pacífica em quanto tempo? Qual sua duração?
- E por fim: Porque o povo não poder realizar a transição pacífica ele mesmo através de representantes populares escolhidos tão somente para o benefício da massa? Porque não?

Meus caros, vos digo que esses questionamentos assustam quem detém o poder, e que esta "Transição Pacífica" não passa de uma estratégica da classe dominante - mesmo tendo perdido Mubarak - para não perder seu poder e seus privilégios.

Mas, me digam, em que revolução não houve contra-revolução?

Nenhuma!

O que acontece agora no Egito é o início verdadeiro de uma luta encarniçada entre dois atores: o povo e os poderosos.
Uma das fases mais importante é esta.

As exigências populares por melhores sálarios, por uma nova constituição, etc, são legítimas e merecem ser apoiadas.

Por fim, como disse Fidel em sua reflexion publicada hoje:

"Apoyamos al pueblo egipcio e su valiente lucha por sus derechos políticos y la justicia social."



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A onda revolucionária e suas perspectivas

"El presidente (Mubarak) anuncia que no se presentará en las elecciones de septiembre, pero dirigirá la transición para garantizar la seguridad."

Eis a lide da manchete que estampa o jornal virtual espanhol el país.

Após uma terça feira tensa com quase um milhão de pessoas protestando nas ruas, Mubarak se mantém firme após sua tentativa frustrada de seduzir os manifestantes com reformas.
Porém, nem tudo está perdido para o Egito...o ditador resolveu não se candidatar para as eleições de setembro. Quem sabe ele tenha finalmente se contentado com os 30 anos no poder, não?!

Os Estados Unidos, que até poucos dias atrás fornecia armamentos, apoio político e econômico não só para o Egito, mas também para os outros países em crise do mundo árabe, hoje titubeia e repensa sua tática.Vê que não pode com uma revolta generalizada e que ganha proporções nunca vistas.

O maior parceiro da Tunísia eram os EUA, e isto também vale para o Egito.
A onda revolucionária que toma hoje a África e começa a se alastrar pelo Oriente Médio se mostra poderosa e sem medo de si, tão destemida que até mesmo a maior potência do mundo - EUA - não pôde confrontá-la e apoiar diretamente as ditaduras ameaçadas.

Mas não é tudo. Em resposta ao povo, a contra-revolução se inicia...

Na Jordânia por exemplo, país caracterizado por sua estabilidade política, os protestos e mobilizações desestabilizam o governo do rei Abdalá II - há 12 anos no poder - que diante disso desmantelou o governo, colocou-o em alerta nomeando um primeiro ministro militar, sim, militar! Vê-se a estratégia repressiva.

E também no Egito a situação não é tão otimista quanto parece, mesmo diante de mobilizações gigantescas, Mubarak resiste até setembro, e ele mesmo quer coordenar a mudança política no país. E porque ele quer fazer as manobras ele mesmo? Porque?

Sim, meus caros, nem Mubarak, nem as classes dominantes podem permitir que a população tome o poder desta maneira, pois seria muito perigoso para os interesses capitalistas.

Contudo, como os egípcios disseram hoje: "Se ele (Mubarak) não se vai, nós tão pouco."

Que o povo destrua toda a opressão e construa um novo mundo!

A onda revolucionária que percorre o oriente nos dá grandes lições para alcançarmos o socialismo!